O Rapto de Perséfone
- Cláudia
- 29 de out. de 2018
- 4 min de leitura

Olá turminha boa de leitura, mais uma estória de autora nacional e o da vez é “O Rapto de Perséfone”, da autora Gabrieli Nejeliski, pela Editora Coerência.
Muitos leitores provavelmente conhecem esse mito grego que conta como Perséfone filha de Deméter, Deusa da agricultura, e de Zeus, Deus dos Deuses, se tornou a rainha do submundo, acontece que nesse enredo a autora colocou sua visão e personalidade apropriando-se da estória o apresentando com um outro olhar para o encontro de Hades e Perséfone. Aqui conseguiremos identificar a alma e o sofrimento dos Deuses. Eles não são imunes a certos sentimentos que julgam ser apenas dos mortais e que uma pequena flor pode se apoderar e tornar-se muito mais forte e resistente em momentos de grandes tempestades e decisões.
Se conhecer e
Se permitir podem
Fazer grandes revoluções!
Até, um dos Deuses mais temidos e obscuro é capaz de se render a um sentimento tão sublime e envolvente e uma jovem deusa primaveril e inocente será capaz de quebrar a grande e até então insolúvel barreira entre a luz e a escuridão.
Deméter criava Perséfone longe do Monte Olimpo, ela não queria que sua filha tivesse contato com os deuses. A proteção de Deméter era grande e por vezes sufocante, mas conforme o tempo foi passando e a beleza e encanto da Deusa da primavera foi despontando e todos já falavam de sua grande formosura, foi chegado o momento de Perséfone conhecer seu pai Zeus. Em uma festa no Olimpo a jovem Deusa da primavera foi apresentada a seu pai e aos outros deuses e deusas. Para Perséfone tudo estava calmo e descontraído até que seu olhar cruzou com um olhar misterioso e desconcertante, mas também provocador e ardente. O dono desse olhar era Hades o Deus do submundo, aquele que reina e governa a alma dos mortos.

Acontece que um acordo muito antigo selado entre Hades e Zeus estava prestes a se concretizar, pois desde o nascimento de Perséfone algo aconteceu com os sentimentos do temido Deus do submundo.
Sem saber o que estava prestes a acontecer, a Deusa da primavera afastou-se da festa e saiu para admirar as espécies de flores tão lindas e raras que haviam naquele jardim olimpiano. Naquele momento de contemplação Perséfone foi raptada por Hades e levada para longe de sua mãe. Em um primeiro momento Perséfone ficou acuada e pensava em sair daquele lugar sombrio e úmido, onde sombras pavorosas circulavam pelo local, mas ela era jovem, ingênua e influenciável, pois ao ser apresentada ao luxo e o requinte do lugar e sendo oferecido o que de melhor tinha ali, ela por alguns instantes aproveitou o que estava sendo oferecido pelos serviçais em especial aquela que seria sua serva de confiança Tersa. Logo Perséfone se encontrou com o seu raptor Hades, um Deus misterioso, dono de uma beleza perturbadora e melancólica.

Hades era um Deus solitário e já estava na hora de ter alguém ao seu lado para governar o submundo e a Deusa da primavera foi a sua eleita. Apenas a jovem não sabia o que havia por trás de seu rapto. Ela não temia o Deus sombrio e isso era algo que ele apreciava, ela chegava a desafia-lo e essa petulância e insolência ia o desarmando.
A única infelicidade da Deusa da primavera era a falta que sentia de sua adorada mãe. Hades foi aproximando-se devagar e cauteloso e logo uma dúvida começou a domina-la: estaria ela preparada para ser a Rainha do Submundo? Sim, ela estava amando Hades!
Desde que Perséfone chegou ao submundo ele estava sendo transformado, pois um lugar antes sem vida estava recebendo cores e aromas diferentes. Um lugar que antes só tinha cheiro de morte agora pulsava e exalava alegria algo estava mexendo na estrutura daquele lugar, mas em contra partida depois que Perséfone foi raptada e Deméter se viu sem sua filha adorada uma maldição ela soltou na terra, enquanto ela não encontrasse sua filha nenhuma planta nasceria, a água ficaria envenenada. A terra que antes tinha o perfume da primavera e da abundância de alimento agora estava igual ao coração de Deméter, amargo, cruel, sem vida. A humanidade estava morrendo.
Algo deveria ser feito... e apenas Perséfone poderia trazer o equilíbrio para tudo isso. Ela já não podia deixar mais seu reino, pois agora era a “Perséfone a Rainha das Sombras”, mas continuava também sendo “Core a Deusa da Primavera”.
Ela era a vida e a inocência pulsante, frente a um Deus experiente e temido por todos.
Ele era a escuridão que estava sendo quebrada para que a leveza e o aquecimento da luz pudesse inundar sua vida, mas também era o desafio para que Perséfone aprendesse a lidar sozinha com seus medos primordiais.
Dois mundos diferentes que se tornariam essenciais para eles e para a humanidade.

Agora...
Um enredo muito envolvente com uma narrativa bem rica em detalhes sem ser cansativa. As descrições dos personagens, dos cenários olimpianos e do submundo foram incríveis. Uma escrita fluída e impecável, narrado em terceira pessoa, muito bem contado ricamente elaborada e irresistivelmente surpreendente. Gabrieli conseguiu me prender mesmo sendo uma estória já conhecida, mas com algumas interpretações diferentes e ela soube mostrar toda sua personalidade nesse enredo. Com uma bela diagramação e uma das capas mais bonitas da Editora Coerência.
O Rapto de Perséfone por Hades é uma das estórias que mais gosto e ela nos apresenta a síndrome do ninho vazio sentida por Deméter e também a evolução de sentimentos vividas por Perséfone e por Hades. Perséfone entra no submundo como uma jovem mimada e inexperiente e ao se envolver com Hades floresce o seu lado sombrio convivendo e lutando contra seus medos, sofrimentos e traumas já Hades é aquele desafiador que carrega consigo o poder e a dor de não ser compreendido e vê em Perséfone uma outra perspectiva em sua eternidade.
Para quem curte mitologia grega eu super indico. Parabéns, Gabrieli e Editora Coerência por mais essa Maravilha!
Vamos apoiar a literatura brasileira!
O Rapto de Perséfone
Gabrieli Nejeliski
Editora Coerência
Pag.336
Ano: 2018
ISBN: 978-85-5327-071-2
Capa: Décio Gomes
Diagramação: Cintia Rodrigues
Gênero: Literatura Brasileira / Romance / Mitologia
Fonte: Boa, com espaçamentos adequados.
É isso, beijos e tchau!
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