NiHil
- Cláudia
- 30 de out. de 2018
- 5 min de leitura
Olá turminha boa de leitura, hoje venho apresentar a resenha de um livro perturbador “NiHil”, um terror psicológico extremamente tenso e envolvente, escrito por uma das autores mais encantadoras que conheço das minhas andanças literárias, Carolina Mancini. Esse novo livro se destaca por ser um tema distópico, ou melhor, um pós-apocalíptico, cruel e dilacerante.

Vamos de sinopse primeiro, porque este livro requer muito mais que falar de personagens. Falarei mais sobre as sensações causadas e presenciadas, pois entrei em um local, onde me senti temerosa e cheguei a duvidar se estava entendendo ou não, pois a incerteza angustiante estava presente em cada página virada. Nesse livro o horror pode ser palpável e te tragar entre suas linhas. Abominante!
Sinopse:
Enclausurado por muito tempo, o ser humano definha. Do lado de fora, uma espessa neblina dominou países inteiros.
Ela mata quem se arrisca a desbravá-la, espalha vísceras, sangue e entrega os gritos a um estranho lugar sem cheiros, sons, luz ou escuridão. Do lado de dentro os sobreviventes enfrentam sua subsistência. Não há água encanada, ondas de rádio ou energia elétrica.
Falta comida e os sentimentos são confusos e intensos. Não há sol ou chuva para se observar.
Não há divisão entre dia ou noite. Os relógios estão parados e qualquer esperança já se fragmentou, mesmo que alguns ainda esperem por algo que já nem sabem se existe ou mesmo se tem um nome.
Estamos em um lugar extremamente pungente onde fusões de cores e seus encantos não existiam mais, apenas aquela cor sólida, dura, amarelada, totalmente doentia. Não havia mais nenhum som de risos ou até mesmo discussões do dia-a-dia. O silêncio era quebrado algumas vezes apenas pelo som das explosões de bombas que vinham de algum lugar. A dor e a agonia eram os únicos sentimentos vividos por todo o mundo que eram impregnados pela certeza de não existir um amanhã e aquilo cheirava a morte!
Aquela neblina claustrofóbica tomou conta de todos os lugares e os poucos sobreviventes não tinham coragem de tentar descobrir o que existia além de suas casas que agora eram nada mais que esconderijos e aqueles que ousavam desbravar aquela cortina úmida e fria retornavam carcomidos, insanos e impossibilitados de relatar o que viram. O que existe atrás da porta; pelo lado de fora?

Ela foi chegando devagar, alguns conseguiram notar a sua chegada, mas outros não. Essa névoa veio dizimar tudo e mudar a existência dos que tentavam sobreviver a ela. Nada era puro. O ar estava envenenado, assim como a água e o sentimento dos sobreviventes. A neblina veio e trouxe fúria dizimando e impossibilitando sonhos e anseios. Esse seria o fim!
Alguns estavam em suas casas sozinhos, outros dividiam suas tristezas com outros que por vezes a loucura já os haviam acometidos. Eles estavam tão próximos e ao mesmo tempo tão distantes. Será que tinha alguém do outro lado da rua em suas casas trancados e vivos ou a vida já os tinham abandonados, será? As vezes em determinados momentos quando não se vê o que acontece do outro lado e a visão se torna impossível o melhor é apurar os outros sentidos. E para não enlouquecer, escrever, talvez seja o último alento mandar lembranças que jamais serão recebidas, pois pode ser que não exista mais ninguém. O sol os abandonou e todos são resquícios do que foram um dia, não há mais nada. Eram assim que eles se sentiam sós e abandonados pela própria sorte. Será que existia realmente um Deus? Se sim, onde ele está que abandonou seus filhos?
Em situações extremas o ser humano volta a sua forma primitiva, perdem a razão e regridem e o tempo passa a ser seu pior inimigo.
Todos estão aprisionados em si mesmo, travando uma luta diária a favor da sobrevivência.
O mundo teria salvação? E essa neblina seria uma invasão alienígena, uma arma química ou uma punição sobre a forma com que tratam a beleza do universo com tanto descaso?
Cuidado, seriam os anjos caindo? A morte é certa...será?

Agora...
Perplexa!
É angustiante se ver fechado em si mesmo, em dúvidas e reflexões de outrora. NIHIL é duro, cortante e desesperador. Pode-se faltar o ar em ler este livro com relatos de alguns personagens que estão tendo conversas paralelas apenas aguardando não sabendo exatamente o que? É um enredo muito doloroso que nos convida a nos olharmos no espelho e indagar: O que eu faria? Me acovardaria ou tentaria a sorte? Mas, que sorte se não se sabe ao certo o que está acontecendo. Estão todos presos em suas dúvidas e medos. Um enredo pós-apocalíptico e cruel. Que se tem como estrela principal aquela neblina densa e cruel. NIHIL é dilacerante. É impossível não se envolver com o enredo. Demorei muito para absorver. Ele chegou trazendo medo e incertezas quanto ao futuro, mas essa perspectiva de futuro não existe. Mas o que existe, então? Medo. O medo do inexplicável, a incerteza da vida ou do que resta dela. Esta é a fase do final de um tempo. Haveria alguma saída? Estaria todos condicionadas ao desespero e as dúvidas eternas?
Um livro primoroso, com uma capa totalmente enigmática, assim como o enredo, com ilustrações belíssimas feitas pela autora que encontramos no decorrer da leitura e também fotos na contra capa de boa qualidade. Uma boa diagramação. Com um clima tétrico, caótico, desolador e desestabilizador, assim é o livro NiHil de Carolina Mancini, mexe com os sentidos, nos convidando a reflexões. Esse nada que acerca e paira no abismo das incertezas dos personagens deste impactante terror psicológico.
NiHil me levou por um caminho bem particular. É como se falasse dos nossos medos e como nós nos comportaremos frente à loucura. Em um momento estamos perdidos, em outros nos encontramos com as dificuldades da vida. Isso tudo é o caos dos nossos sentimentos. A solidão sem a certeza de um amanhã. É um estar sem esperanças ou expectativas. Essa neblina que nos impedi de enxergar o outro na sua essência, mesmo ele estando ao nosso lado.
Carolina Mancini, dizer mais o que? Não tenho mais como classificar esse livro de tão profundo que é. Com poemas angustiantes e rasgados durante toda a leitura. Fiquei sufocada com a carga emocional em que os personagens foram acometidos. Você me emociona com seu talento para escrita. Obrigada, por me proporcionar o contato com um enredo tão aflitivo e dominador.
Super indico!
Vamos apoiar a literatura brasileira!
É isso, beijos e tchau!
NiHil
Autora: Carolina Mancini
Editora: Estronho
Pág.: 156
Ano: 2018 – 1ª edição
ISBN: 978-85-9458-032-0
Capa e projeto gráfico: Marcelo Amado
Ilustrações internas: Carolina Mancini
Fotos internas: Pixabay - Creative Commons CCO
Preparação de texto e revisão: Heidi Gisele Borges e Marcelo Amado
Gênero: Literatura Brasileira / Ficção / Suspense e Mistério
Fonte: Boa, com espaçamentos adequados.


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