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Espelho, Espelho Meu – Qual Crush escolho eu?

  • Cláudia
  • 9 de nov. de 2018
  • 4 min de leitura

Olá turminha boa de leitura, hoje trago uma leitura muito surpreendente. Esse é o primeiro livro solo da autora Priscila Debly que tive o imenso prazer em conhece-la nesses encontros charmosos de literatura da Editora Coerência.

Olhando para a apresentação do livro imagina-se tratar apenas de um romance adolescente sem maiores pretensões, mas, é um mero engano, pois além de retratar, sim, um triangulo amoroso juvenil ele apresenta um cenário extremamente rico em sua construção nos convidando a voltarmos em nossas dúvidas e por vezes senti representada pelas indagações e anseios desses jovens, pois ele é para mim um romance modernista, com tramas variados em uma só situação, dúvidas traduzidas em doses homeopáticas. Jovens que acreditam e lutam pelos seus ideais abordando também o cenário político brasileiro e todas suas descriminações reais. Encontraremos aqui uma aula de história.

Agora vamos conhecer Anabelle e seus eleitos.

Anabelle não teve uma infância fácil e nem prazerosa como toda a criança devia ter. Ela conviveu com o medo e o descaso, principalmente quando aos 12 anos perdeu sua grande amiga e companheira, sua mãe. Ela se viu só e amedrontada, teve que vivenciar a brutalidade e falta de amor do ser humano daquele que devia ama-la e protege-la, seu pai, viu sua inocência cair não apenas no corpo mais deixou uma ferida aberta e pulsante em sua alma que a acompanhará por toda sua juventude.

Anabelle tinha uma tristeza agonizante e constante em seus 18 anos e tentava a cada dia descobrir-se em suas incertezas portanto, cada dia se reinventava em suas angustias e perturbações juvenis, por isso, passava em seus momentos a avaliar meticulosamente cada gesto dos transeuntes da grande metrópole São Paulo, e tentava interpreta-las como um grande clamor, como se fossem seus estranhos conhecidos. O mundo para ela era uma grande loucura de pessoas perdidas em seus próprios mundos todos sós no meio de tanta gente na verdade era assim que a jovem Anabelle se sentia.

Por vezes tentou encurtar seus dias, cometendo loucuras e insensatez brincando de ser “Deus” na condução de sua vida, mas foi na dança, mais precisamente no balé que ela sentia-se diferente e plena. Naquele tablado ela podia ser quem quisesse, mesmo que fosse algo projetado e imaginado por ela.

A jovem tinha uma grande amiga que conheceu assim que chegou em São Paulo para estudar na universidade. Sofia era aquele tipo de pessoa que estava sempre perto para auxilia-la e apenas ela conseguia tirar Anabelle de seu mundinho, onde se exilava, sua casa. Não que a jovem fosse antissocial, mas ela não se sentia à vontade no meio das outras pessoas, por isso, achava-se feia, desengonçada e não acreditava que era interessante o bastante. Autoestima na ponta do pé.

Aquele seria mais um dia naquela universidade onde concentrava-se vários estilos diferentes, muitos jovens estranhos, outros tantos esquisitos e aqueles bem diferentes de Anabelle, era assim que pensava e se enxergava, sim, mas entre esses tantos existia ele...Philippe era o típico jovem lindo, popular e por quem Anabelle nutria uma louca paixão e que seria seu Crush eleito... até que em uma noite ela conheceu Daniel que veio em forma de luz para ela, um lindo garoto em todos os sentidos, uma pessoa preocupada com o bem estar do semelhante, aos poucos a jovem começou a se encantar pelo seu novo amigo e o inevitável aconteceu ela estava agora dividida entre 2 amores.

Phillippe era a ebulição em sua vida, a desconcertava e revelava ser o que ela queria para toda vida, mas em contra partida Daniel era a imensidão de seus sentimentos, aquele que sutilmente foi a envolvendo lentamente, e ela percebeu que era com ele que gostaria de ter seus filhos, mas, qual deles ela iria escolher? Qual direção deveria seguir? Ela passou a viver em um carrossel de sentimentos com seus dois eleitos.

Acontece que os três jovens tinham mais em comum que poderiam imaginar, pois eles lutavam por um Brasil melhor, eram jovens revolucionários e sonhadores e foi naquele dia em uma manifestação contra a corrupção na avenida Paulista que o destino desses jovens tiveram uma reviravolta. Em um dado momento aquele movimento pacifico tornou-se um campo de guerra pessoas brigando, outras correndo e os policiais tendo que intervir para tentar acabar com a bagunça generalizada e foi nesse momento que Anabelle foi atingida por um carro, mudando totalmente sua vida, pois algo de muito grave aconteceu com ela e a partir desse acidente ela terá que retirar as vestes juvenis de uma garota e passar a usar uma outra, de mulher.

Em frações de segundos sua vida terá outro norte e nesse momento ela descobrirá que caminho deverá seguir para encontrar com a felicidade novamente, mas, o que será felicidade mesmo?

Essa é uma estória contada em primeira pessoa com personagens bem construídos, tanto os principais como os secundários. Priscila tem uma escrita leve e de fácil compreensão o desenho da estória foi bem elaborado e desenvolvido, impossível parar de ler. Esse enredo tão envolvente aborda temas muito importantes e relevantes fazendo críticas sociais falando sobre o homossexualismo, o povo indígena, a família, o machismo, o abandono e a luta feminina por seu espaço. Podemos apreciar na condução do enredo que ele vai muito além de certos paradigmas, enaltecendo o crescimento na vida, o enfrentamento e a superação frente as fatalidades em que muitos se encontram.

"Deve-se usar o tempo como um aliado e nunca como um adversário".

Priscila, esse livro é muito mais que um belo romance juvenil ele é também um alerta e um convite para encararmos a nossa volta, e não esquecermos da leveza dos sentimentos que por vezes o amadurecimento acaba mudando a visão dos mais delicados contornos da vida, e que devemos sempre entender e aprender que viver é uma ocasião muito especial e que o momento mais importante é quando a aurora não quer ser dissipada pelo anoitecer!

Parabéns, Priscila por essa estória tão delicada e tocante que invadiu meus pensamentos e o coração. Agora, não posso deixar de mencionar sobre a beleza de capa, muito convidativa e interpretativa também, a diagramação está linda com flores no início de cada capítulo. Amei!

Parabenizo também a Editora Coerência pelo trabalho que apresenta aos leitores.

AGORA, que final maravilhoso e surpreendente... amei!!!

Indicadíssimo!

Vamos apoiar a literatura brasileira!

É isso, beijos e tchau!

Espelho, Espelho Meu – Qual Crush escolho eu?

Autora: Priscila Debly

Editora: Coerência

Págs:152

Ano: 2018 – 1ª edição

ISBN: 978-85-5327-100-9

Capa: Décio Gomes

Diagramação: Bruno Lira

Gênero: Literatura Brasileira / Romance adolescente

Fonte: Boa, com espaçamentos adequados.


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